A divulgação científica (DC) é uma das principais estratégias para a promoção da educação científica da população. Existem diversos recursos para a realização da DC.Dentre eles, o cinema surge como um importante veículo de comunicação de massa. O Ensino de Ciências geralmente é atribuído como o espaço no ambiente escolar para a execução de metodologias e discussão de conteúdos pertinentes à ciência. A fim de verificar como os recursos audiovisuais vem sendo inseridos na área de Ensino de CiênciasEnsino de Ciências, um levantamento de artigos em periódicos nacionais foi feito localizando um total de 35 artigos discutindo o uso de recursos audiovisuais no Ensino de Ciências. Onze desses artigos falam sobre o uso de filmes, gerando uma lista com 31 filmes recomendados para sala de aula. A Ficção Científica (FC) foi o gênero mais recorrente, contando com 14 filmes sugeridos. A questão de tese apresentada sugere que os filmes comerciais apresentam distorções da Natureza da Ciência (NdC), que podem influenciar na formação do imaginário científico dos indivíduos. Nesta pesquisa, os 14 filmes de FC foram selecionados para serem investigadosquanto às representações de NdC,através da metodologia de análise fílmica proposta por Vanoye e Goliot-Leté (2006), associada à análise de conteúdo categorial temática de Bardin (2011). As categorias foram elaboradas a priori e a posteriori da observação dos filmes, objetos de análise, consistindo nos aspectos de representações de gênero na ciência, imagens do cientista, individualidade da ciência, neutralidade da ciência, relação da ciência e sociedade e natureza do conhecimento científico. O perfil de ciência analisado nos filmes retratou bastante diversidade. Em relação ao gênero, a predominância foi a ciência apresentada como mista, contudo, a imagem feminina em sua maioria é secundária e minoritária. A imagem do cientista apresenta destaque para o cientista herói-aventureiro, capaz de se arriscar por sua pesquisa e bem-estar da humanidade. A maioria expressiva dos filmes não apresenta a ciência como neutra, enfatizando as intervenções políticas-econômicas existentes no trabalho científico. Sobre a individualidade da ciência, nos filmes prevalece a imagem de uma ciência coletiva e autoritária, onde dentro de uma equipe científica há a presença de um líder privilegiado intelectualmente, que distribui as tarefas aos demais. A relação da ciência com a sociedade expressou maior distribuição entre as subcategorias, oscilando principalmente entre a imagem progressista e a catastrófica. Por fim, acerca do conhecimento científico, os filmes apontaram maiores resultados para as seguintes representações: mutável e absoluto. Considera-se relevante a utilização de filmes de FC, assim como sua respectiva análise, para a melhor compreensão da NdC no Ensino de Ciências.

Os espaços não formais situam, no processo ensino-aprendizagem, atividades e experiências potencialmente dinamizadas no contexto extraescolar. Esses locais, tais como: zoológicos, museus, manguezais, sítios arqueológicos, parques florestais e reservas biológicas quebram a formalidade do espaço escolar e podem configurar ambientes catalisadores de motivação e interesse, tanto para alunos quanto para professores. Na medida em que materializam artefatos cognitivos, físicos, sociais e culturais do arcabouço teórico-conceitual dos estudantes e professores que os visitam, corporificam-se como instâncias difusoras e produtoras de conhecimentos. As trilhas ecológicas, tomadas como espaço não formal, com características singulares que o ambiente natural aberto oferece, fundamentam teórica e metodologicamente seu uso para práticas didático-pedagógicas no ensino de Ciências. À luz de um ensino contextualizado com vistas à formação de valores socioambientais salutares, temos como objetivo principal desse estudo investigar as contribuições didático-pedagógicas das trilhas ecológicas no ensino de Ciências a partir das compreensões de professores de Ciências, Biologia, Física e Química da Educação Básica. Sendo assim, defendemos a tese de que as trilhas ecológicas, quando organizadas para o ensino de Ciências, apresentam potencialidades e especificidades didáticopedagógicas de caráter epistemológico e ontológico, respectivamente. Metodologicamente a partir de um olhar situado entorno às trilhas ecológicas no ensino de Ciências, fruto de um levantamento de teses e dissertações produzidas no Brasil no período de 2000 a 2015, esta pesquisa apresenta e discute os resultados de uma pesquisa-ação desenvolvida com uma amostra de vinte e dois professores de dezesseis municípios do estado do Espírito Santo. As compreensões desses professores, em diálogo com o pesquisador, evidenciaram que as trilhas constituem espaços não formais singulares para o processo ensino-aprendizagem em Ciências, uma vez que proporcionam a mediação do conhecimento in locus, ao ar livre, sem paredes, sujeito a intempéries, imprevistos e surpresas, o que impele sobre os educadores um olhar acurado em seu planejamento da prática de campo (vivência na trilha) e das atividades propostas antes e após a visita. A pesquisa permitiu concluir que as trilhas ecológicas no ensino de Ciências corroboram à autonomia docente (pressupõe a priori tomada de responsabilidade e superação de ordem epistemológica e prática), configuram uma possibilidade didático-pedagógica motivadora (uma proposta que difere espacialmente e metodologicamente da sala de aula tradicional) e contribui para a construção e/ou consolidação de valores socioambientais salutares (o contato com a natureza suscita reflexões axiológicas acerca das ações antrópicas no meio ambiente). Atento ao universo material e simbólico das trilhas ecológicas, por si só, espacialmente oportunizado e passível de modelagens, esperamos com este trabalho avançar em suas aplicações didático-pedagógicas no ensino de Ciências. 

A busca por informações e conhecimento faz da Divulgação Científica (DC) um importante instrumento dentro do mundo moderno. Cada vez mais os avanços científicos e tecnológicos estão em nossas vidas em diversos campos e, acompanhar essas novidades, faz com que haja uma necessidade de suprir esses interesses, não somente com informações adequadas, mas que elas se transformem em conhecimentos, a fim de tornar o seu receptor mais crítico e atuante em meio à sociedade.  A DC encontra diversos meios e ambientes para ser veiculada, porém sempre com a característica de ser uma atividade de difusão do conhecimento científico, voltada para fora do seu contexto original de produção e comunicação entre pares. Criada no ano de 1986, pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a revista Ciência Hoje das Crianças (CHC) foi a primeira revista de DC infantil brasileira, surgindo como um encarte da revista Ciência Hoje. Em 1990 passou a ser uma publicação independente, tendo o formato de revista com o objetivo de promover uma aproximação entre cientistas, pesquisadores e o público infantil em geral, incentivando a busca pelo conhecimento científico por meio de ilustrações e experiências as quais podem ser realizadas pelas crianças, de forma divertida estimulando a curiosidade e possibilitando uma melhor compreensão dos fenômenos da ciência abordados em suas reportagens. O objetivo central da pesquisa foi investigar as contribuições da CHC para a discussão acerca das questões ambientais relacionadas a lixo, reciclagem e coleta seletiva com estudantes do Ensino Fundamental II (EF II). Para isso foram analisados 110 fascículos, do período de 2007 a 2016 e o material encontrado foi examinado à luz da Análise de Conteúdo. Foram encontrados 116 textos em que as palavras-chave aparecem entre os fascículos analisados da revista, onde foi possível observar que, apesar de estarem relacionadas à área ambiental, as palavras-chave selecionadas para esta pesquisa transitam em diversas áreas tornando-se assim um tema de cunho interdisciplinar. Corroborou-se que a revista estimula o hábito da leitura de seus leitores, traz uma grande variedade de sugestões de livros, além de filmes, peças de teatro e nos últimos anos, sites. Existem também 63 menções de atividades lúdicas e experimentos, que utilizam materiais recicláveis, as quais poderiam ser desenvolvidas em áreas diversificadas, tais como: Artes, Ecologia/Meio Ambiente, Física, Química, Nutrição, Zoologia, Música, o que demonstra mais uma vez o caráter interdisciplinar da revista. Após a análise documental foi desenvolvida e aplicada uma sequência didática para uma turma de 6º ano do EF II, utilizandose alguns dos textos encontrados na pesquisa, além de serem coletados materiais (questionários prévios e pós-atividades e panfletos informativos, desenvolvidos pelos alunos utilizando como base os textos da CHC trabalhados em sala de aula). Analisando esses materiais observou-se os seguintes resultados: os temas lixo, coleta seletiva e reciclagem, os quais precisavam ser trabalhados e as definições dos mesmos pelos alunos, tiveram relativa melhora após as atividades, além disso os alunos conseguiram identificar soluções para a problemática do lixo, notando inclusive uma mudança de comportamentos dos alunos em relação a temática. De maneira geral, apesar das dificuldades encontradas durante o desenvolvimento das atividades, a utilização dos textos da CHC em sala de aula teve resultados expressivos, corroborando com o pressuposto de que os textos de divulgação científica utilizados no ambiente escolar configuram-se como importante recurso pedagógico para discutir temas ambientais.
 

A Divulgação Científica atua como um canal de comunicação em massa que permite aproximar a população dos avanços científicos e tecnológicos por meio de uma linguagem de fácil entendimento. Dessa forma, os meios de divulgar a ciência tem sido cada vez mais utilizados dentro e fora do ambiente escolar. Com isso, o teatro científico tem se revelado uma importante ferramenta de divulgação que envolve a alfabetização científica em todos os níveis de ensino, desde os anos iniciais à formação de professores. Inicialmente foi realizado um levantamento dos trabalhos apresentados em Atas do ENPEC (1997-2015) – verificando de que forma o Teatro Científico é utilizado como recurso didático no ensino de ciências nas escolas e, posteriormente, foi feito um levantamento no banco de dados da CAPES (2012-2016) com a finalidade de investigar as contribuições do Teatro Científico em pesquisas acadêmicas pelo Brasil. Após esse levantamento surgiu a inquietação que deu início a este trabalho a partir da pergunta norteadora: De que forma o planejamento de atividades baseadas no Teatro Científico poderiam contribuir para a formação de professores dos anos iniciais? Diante de tal questionamento procurou-se elaborar uma Sequência Didática Interativa (SDI) que possibilitasse desenvolver o pensamento crítico e reflexivo dos licenciandos do curso de pedagogia acerca das práticas educativas realizadas nas escolas com o intuito de alfabetizar cientificamente as crianças nos anos iniciais. Com base nesse objetivo foi implementado na disciplina de Fundamentos e Metodologias de Ensino de Ciências Naturais do curso de Pedagogia da UFT/Arraias uma sequência de atividades que abarcaram a construção de roteiros didáticos para o planejamento de aulas que envolvessem o uso do teatro científico. A partir disso procurou-se identificar o conhecimento prévio e a aproximação do teatro no cotidiano dos alunos do curso de Pedagogia da UFT, estimulando o contato dos licenciandos com recursos diversificados como o laboratório de informática, o uso de documentários, a leitura de textos sobre teatro científico, entre outros, para que fosse possível analisar a percepção desses estudantes em relação ao uso do teatro no Ensino de Ciências. Dessa forma, acreditamos que as ações propostas contribuíram no processo de formação dos licenciandos que participaram dessa pesquisa propiciando uma nova interpretação para o uso de instrumentos de divulgação da ciência que favoreçam a alfabetização científica, assim como a problematização acerca da importância do conhecimento científico por parte da sociedade como um todo, a partir da veiculação de materiais didáticos que promovam a discussão e a apropriação dos conceitos científicos no ambiente escolar.  
 

A Baía de Guanabara compreende quase toda a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. É constituída por diversos ecossistemas cuja importância transcende as questões ecológicas, sendo também muito relevante social e economicamente para a região. Entretanto, vem se tornando mais um cenário de degradação e descaso causado, principalmente, pela poluição e ocupação desordenada. Apesar da intensa degradação ambiental, importantes remanescentes de áreas preservadas são responsáveis por manter a qualidade ambiental na região e abrigam muitas espécies, demonstrando que a Baía de Guanabara ainda vive. Assim, com a intenção de despertar o olhar para a biodiversidade existente na Baía de Guanabara, a exposição “Do Mangue ao Mar: a Baía de Guanabara que você não vê” foi concebida. A exposição é composta por diversos recursos com o intuito de viabilizar a integração do visitante à realidade local da Baía de Guanabara, trazendo informações sobre a biodiversidade e os ecossistemas que a compõem. O presente estudo teve por objetivo geral investigar as contribuições desta exposição científica para a percepção ambiental de estudantes sobre a Baía de Guanabara. A percepção é um processo que envolve mecanismos perceptivos e cognitivos. O estudo da percepção ambiental permite compreender as relações que o indivíduo estabelece com o meio e as atividades perceptivas são essenciais no processo de construção de sentimentos e sensações em relação a um lugar, principalmente na formação de elos afetivos, relações que podem contribuir para o sentimento de pertencimento a um lugar, fundamental para a sensibilização ambiental. Nesta pesquisa, entrevistou-se 25 estudantes em visita escolar à exposição “Do Mangue ao Mar”. Durante a pesquisa, a exposição esteve inserida em um centro de ciências na Universidade Federal Fluminense, a Casa da Descoberta. As entrevistas foram analisadas segundo os princípios da Análise de Conteúdo. Verificou-se que os estudantes estabelecem as seguintes relações com os museus e centros de ciência: ligada a escola, pelo fato da escola ser o principal meio de acessar esses espaços; influenciada pela cultura familiar, determinante para a criação do hábito de visitar os museus; ligada a uma atividade recreativa, sendo considerado um passeio, uma forma de lazer. Em relação às percepções ambientais sobre a Baía de Guanabara, pode-se afirmar que a experiência dos estudantes na exposição “Do Mangue ao Mar”, foi transformadora. Antes de visitar a exposição, de maneira geral, a percepção que se tinha sobre a região era superficial e remetia diretamente a um ambiente poluído. A visita à exposição trouxe novos conhecimentos sobre a biodiversidade existente e sobre as regiões de manguezal pouco conhecidas. Além disso, contribuiu para a compreensão da sua capacidade de renovação e da necessidade de valorização. Dessa forma, foi possível constatar que a exposição contribuiu para trazer conhecimentos que influenciaram em uma nova visão em relação ao ambiente, e auxiliou numa mais ampla compreensão sobre as características da Baía de Guanabara.  
 

Os temas ambientais têm encontrado espaço na agenda de discussão de diversos setores, sobretudo o aquecimento global. Isto se deve, pelo fato por envolver questões a nível local e global, por fazer parte da agenda dos meios de comunicação, pela capacidade de ultrapassar as fronteiras da comunidade científica e adentrar em diversos territórios, pelo seu caráter de urgência. Além de suportar conflitos, tensões e contradições nas discussões que o envolvem. A mídia impressa, principalmente as revistas especializadas de divulgação científica, pode contribuir para a problematização do tema, uma vez que apresenta múltiplos enfoques. Considerando a divulgação científica como forma de compartilhar o conhecimento científico ao público geral, isso pode favorecer tanto o desenvolvimento da reflexão crítica e participação da sociedade quanto reforçar a distância entre o público especializado e o leitor. Diante dessa questão, esta pesquisa teve como objetivo investigar como o tema Aquecimento Global é abordado nas revistas Superinteressante e Quero Saber. A partir do mapeamento das revistas no período de 2012 a 2017, 24 artigos foram selecionados. Ancorada na Análise de Conteúdo e com categorias elencadas a priori, os resultados indicam algumas aproximações e distanciamentos entre as revistas: o tema recebeu enfoque diversificado nos artigos; houve pouca preocupação em compartilhar com o leitor a dinâmica da comunidade científica no processo de construção do conhecimento; os artigos possibilitaram que a discussão apresentada ganhasse outros contextos; os artigos possuem potencial para uso no ensino através da possibilidade de relacionar contextos e pela linguagem empregada. Considera-se pertinente o uso dos artigos analisados no ambiente formal de ensino, sendo intermediado pelo trabalho docente na discussão sobre as visões sobre o que é ciência veiculada pelos artigos, também problematizando com intuito de explorar melhor a temática estudada. Ao conseguir relacionar os conhecimentos científicos ao cotidiano do público não especialista, os artigos caminham para o cumprimento do papel social da Divulgação Científica.

A Divulgação Científica (DC) consiste em um recurso que veicula temas científicos e tecnológicos para a população através de diversos meios de comunicação. Quando presente nos livros didáticos (LDs) de Biologia, estes temas são capazes de despertar a curiosidade dos jovens por tratarem de questões próximas à realidade vivenciada no cotidiano, principalmente em relação à Genética, que, por sua vez, corresponde a uma área da ciência interdisciplinar. Desta forma, para esta dissertação articulamos estas três vertentes e nos questionamos a respeito de que alterações ocorrem nos textos de DC quando estes são inseridos nos LDs de Biologia. Desta forma, nosso objetivo foi analisar as possíveis alterações nos textos de divulgação, relacionados à Genética, quando estes são inseridos nos LDs de Biologia do Ensino Médio. Neste sentido, duas coleções foram selecionadas, totalizando vinte e quatro textos relacionados à temática em questão. Os mesmos foram analisados de acordo com as categorias de reelaboração discursiva, Natureza da Ciência e a linguagem. Os resultados indicaram que estes textos sofreram muitas eliminações de informação e em sua maioria apresentaram uma visão de ciência não neutra. Em relação à linguagem, tais textos utilizaram-se de bastantes recursos linguísticos (termos explicativos, metáforas e analogias), visando facilitar a compreensão do leitor sobre determinado assunto. Além disso, os textos presentes nos LDs realizaram correções de erros conceituais e apresentaram uma variedade de traços do discurso, o que reforça o caráter híbrido do material didático. De forma geral, concluímos nesta dissertação que os vinte e quatro textos analisados possuem potencial para promover debates sobre diversas questões e gerar reflexões acerca dos avanços da ciência, além de auxiliar na aproximação do conhecimento científico deste público.

A sociedade vem sofrendo muitas mudanças que vão deixando frutos decorrentes destas alterações. Um dos frutos observados atualmente é o aumento e acúmulo de resíduos no ambiente que gera preocupação. A sociedade precisa de cidadãos comprometidos com o meio ambiente. Uma Educação Ambiental que tem como finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o melhor entendimento da realidade e uma atuação mais lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente se torna imprescindível. As instituições de ensino superior assumem uma função fundamental na formação de profissionais competentes e comprometidos com a sociedade e o meio ambiente. Além do ensino, a pesquisa e a extensão nas universidades traz uma nova perspectiva na busca de soluções para problemas sociais. Neste contexto, o trabalho tem como objetivo analisar como os estudantes dos cursos de graduação do CEFET/RJ (Campus Maracanã) percebem as questões relacionadas ao meio ambiente, mais especificamente na gestão de resíduos sólidos e o papel da Educação Ambiental em suas práticas. Para tanto foi realizado um estudo qualitativo destas percepções com a aplicação de questionários aos alunos concluintes dos 10 cursos superiores da instituição. Após a aplicação do questionário foi feita uma análise do conteúdo, categorizando as respostas e posteriormente foi realizado um tratamento estatístico destes dados. No questionário, foi investigado o perfil social dos alunos e sua compreensão quanto aos termos relacionados a resíduos sólidos, a concepção quanto à responsabilidade na geração, destino e tratamento destes resíduos, a importância dada ao processo de reciclagem e suas atitudes relacionadas a este processo e a necessidade da Educação Ambiental no ensino superior. Pela análise pode se verificar que apesar da maior parte dos alunos apresentar preocupação com a questão ambiental, são poucos os que demonstram isto por meio de ações ou conhecimento de termos relacionados ao assunto. A Educação Ambiental também é vista como fundamental mas nem sempre nos cursos superiores. Conclui-se que um trabalho mais efetivo pode ser realizado na área de resíduos sólidos e que mais projetos ou ações mais diretas em Educação Ambiental devem ser desenvolvidas. Espera-se que estes dados possam servir de base para futuras ações em termos uma melhor gestão de resíduos e maior desenvolvimento da Educação Ambiental no ensino superior.

Em meio às discussões a respeito da temática ambiental, a Educação Ambiental surgiu como um campo onde se objetiva conscientizar a humanidade a respeito do ambiente onde todos estamos inseridos e nossas responsabilidades com sua conservação para a presente e futuras gerações. Campo que vem crescendo e se diversificando, a Educação Ambiental foi inserida na educação brasileira por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) coma tema transversal devendo perpassar por todas as áreas de conhecimento e entre as diversas “ferramentas” utilizadas para trabalhar-se a Educação Ambiental, encontra-se a Educomunicação. Essa por sua vez pode ser entendida como o uso de qualquer material de comunicação com finalidade educacional e entre esses encontram-se o audiovisual e os documentários ambientais. O presente trabalho objetivou analisar o potencial educacional de documentários ambientais na formação de estudantes de Gestão Ambiental, para isso a pesquisa trabalhou com dois grupos de estudantes desse curso em dois momentos. Um primeiro grupo participou de um processo participativo de construção de um documentário ambiental sobre a Baía de Guanabara. Um segundo grupo participou de uma oficina onde o documentário produzido foi utilizado como um dos materiais de intervenção. Por meio de uma análise etnográfica com o primeiro grupo e a aplicação de questionários pré e pós com o segundo, foi possível analisar como a participação na produção do documentário e o contato com esse material em sala de aula contribuiu na percepção dos estudantes a respeito do tema abordado. Os resultados apontam que os documentários possuem potencial como material a ser utilizado em sala de aula complementarmente a outras atividades desenvolvidas pelo professor, assim como a participação em um processo participativo de pesquisa estimulou debate, incentivo a pesquisa e possibilidade de mudanças de percepção por meio da interação em grupo.  
 

A publicidade propaga ideias e valores que viabilizam a manutenção dos modelos de desenvolvimento e sociedade atuais. O agronegócio, por exemplo, se vale de estratégias de comunicação e marketing para legitimar suas práticas junto à população. Uma delas é a campanha “Agro: a indústria-riqueza do Brasil”, produzida e veiculada pela Rede Globo e cujo slogan é a frase “Agro é tech, Agro é pop, Agro é tudo”. Diante desse contexto, a presente pesquisa teve como objetivo investigar, sob a perspectiva da educação ambiental crítica, como essa campanha veicula mensagens sobre o agronegócio brasileiro. Para isso, realizou-se um levantamento das peças publicitárias transmitidas desde o início da campanha, em junho de 2016, até abril de 2020 e a análise das mensagens visuais e verbais de três peças da campanha que têm como temas a “indústria da ração", a “criação de boi” e a “produção de soja”. Foram utilizados referenciais metodológicos para a análise fílmica, para a análise semiótica de imagens e para a análise de conteúdo dos textos. Identificou-se que as peças da campanha “Agro: a indústria-riqueza do Brasil” pretendem transmitir uma visão positiva do agronegócio ligada às ideias de abundância, riqueza, produtividade, utilidade, dinamicidade, modernidade e sustentabilidade. A principal estratégia presente nas peças analisadas foi a argumentação, através da apresentação de informações que constroem uma realidade parcial e enviesada sobre o agronegócio. Ele é apresentado como um setor moderno, produtivo, ambientalmente responsável e indispensável para a economia do país e para a vida das pessoas. Além disso, a campanha se apropria da pauta ambiental, abordando-a de forma conservadora/pragmática, e incorpora ao seu discurso práticas alternativas de produção como a agricultura familiar, apresentando o agronegócio como única opção. Entende-se que a campanha cumpre um papel de agendamento da discussão sobre as atividades desse setor econômico na sociedade brasileira, propagando ideias e valores que contribuem para legitimá-las. As peças da campanha têm potencial para atividades na perspectiva da educação ambiental crítica se utilizadas de forma a explicitar as contradições do modelo de produção do agronegócio no campo, mas principalmente, ao estimular a compreensão dos mecanismos pelo qual a publicidade opera e a reflexão sobre o seu papel na manutenção do status quo. Acredita-se, assim, ser possível fomentar uma leitura crítico da realidade e contribuir para uma educação voltada para a emancipação e a transformação social.